segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

voou

quis guardá-lo para mim
e mostrá-lo só a quem o pudesse ver
ou a ninguém talvez
e por isso guardei
e apertei bem apertado nas minhas mãos
o segredo que queria sair e não podia
e escondia
nem a mim se revelava
ia sussurrando e dando pistas
e não revelava de que material era feito
nem o que sentia eu ao tocá-lo
ou sequer o que eu ouvia da sua boca que não era boca

não tinha noção de visão
de o ver em mim
contudo sabia que o escondia nas minhas mãos
mas não consegui abri-las
e continuavam cerradas
como punhos revoltados
que não queriam despertar
que dormiam para não sentir

o segredo ganhou forma
ganhou vida
vontade própria [sem vontade alguma de coisa qualquer]
e via-o escrito à minha volta
indecifrável
sem saber que estava tão patente em mim
marcado, tatuado na minha alma
a tatuagem era feia... e não definitiva
e como não era definitiva
um dia as mãos acordaram [ou foram acordadas]
e soltaram o segredo
e ele voou
ainda tentei apanhá-lo
mas desapareceu antes que conseguisse perguntar-lhe de que dor ou ansia era feito
sussurrou algo antes de partir...algo que não era nada ou coisa alguma

as mãos doíam
marcadas, dormentes...vivas!
sentiam abstracto
e já não conseguiam agarrar!

1 comentário:

adrianaleites disse...

xiiii... já não vinha aqui à algum tempo. mas tu és uma escritora convulsiva, e escreves tanto e tão bonito à velocidade da luz. e eu não consigo acompanhar-te. eu já não consigo postar assim. tenho de ter vontade... eu não sei comé que fazes... tens sempre algo a dizer, algo a transmitir, algo a escrever por mais absurdo ou difícil de compreender que seja, é sempre alguma coisa. =)