quinta-feira, 19 de abril de 2007




-vês?-disse ele.
-o quê?
-luz!olha a luz!
-que luz?
-aquela!ali!
-aquilo é luz?não pode ser.... procurei tantas vezes e aquilo nunca me pareceu luz.
-mas eu digo-te que é.já te vejo mais iluminada.
-são as tuas palavras que me iluminam.não aquilo que afirmas ser luz.
-as minhas palavras são aquela luz.
-são?
-são.
-então aquela luz sempre é luz.e contudo nem sei ao certo quem és.
-também não sei...só sei que brilho em ti.
-não sabes?como?
-da mesma forma que tu também não sabes.
-quem te disse que não sei?
-tu.dizes-me sempre.a mim e a todos.basta olhar-te.talvez não tenhas é dito a ti própria.
-talvez seja isso...mas agora já sei que não sei quem sou...que paradoxo estranho.
-não é não...raros são os que sabem quem são.
-muitos são os que afirmam saber.
-muitos são os que fingem saber...na realidade, ninguém sabe.já vês a luz?
-sim...muito débil, mas visível...parece bonita!
-é linda!
-mostra-me mais!quero ver...


e ele mostrou. teceu cada fracção de luz para ela...fez os seus olhos brilharem ainda mais...desta vez de expectativa, e não de temor. costurou-lhe cada palavra luzente, viva...ela própria já se sentia... e quando finalmente a luz parecia estar perto, grande,gigante...

afinal não era luz...não!oh não!não era de todo luz.era imagem falsa,fraca!feia...falsas palavras, falsas sensações...luz? ...a que mostrava a falta de força da sentença...e que sentença essa...a voz que antes lhe falava emudeceu...e ele começou, lentamente, a desvanecer-se em sonhos acordados.
______________________________

-vês?-disse ele...

1 comentário:

Anónimo disse...

Deambulando pelas tuas mensagens antigas... q foto linda.