quinta-feira, 6 de maio de 2010

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Gostou. Quis. Amou. Quis tanto e amou tanto, que teve. Teve demasiado, até. E então, largou. Magoou. Quebrou - Destruiu. Afastou-se. Era o fim. Fazia falta, mas estava a habituar. Até que reaproximou, e mexeu. Tocou, tocou sempre. Afastava-se e aproximava-se sem aviso, sem segurança, sem amor, sem nada. Mas ela queria, sempre. E depois de repetirem tantas vezes, ele largou de vez, pensava ela. Estava bem, já não precisava. Tinha mundos novos a preencher, não o espaço que ele deixara, mas todos os espaços em torno desse. O mundo "sem" tornava-se melhor com o tempo. Ela estava forte, grande, poderosa. Feliz, ou quase. Mas a vida fez com que ele voltasse. E ela quis convencer-se que ele não tornaria a ser o centro. Mas ele tornou-se, não porque quisesse, mas porque só ele cabia naquele espaço vazio que tinha ficado. E ela lutou, tanto. Sabia que para ali ele não voltaria. Ainda se deixou levar de novo uma ou outra vez, sem pensar muito, ou fingindo a si própria que não pensava. Um dia percebeu que voltara a sentir necessidade de parar no tempo para pensar nele. Não ficava bem se não se lembrasse, ou se não o reinventasse. Aceitou então que ele era inigualável. Ele não saberia, nunca, apenas porque não ouvia - não sabia, nem queria ouvi-la. Então ela gostou, e quis, mas não teve. Nem terá nunca, porque ele morreu dentro daquele corpo, e os olhos e as palavras que dali saem não pertencem a quem ela conheceu um dia. Mudou, e agora ela via-se presa a um desconhecido. Mudou, e ela queria que ele voltasse.

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