sábado, 26 de maio de 2007
há espaço p'ra ti.guardei-te um lugar.
não deixei mais ninguém entrar.estou à espera.
anda, entra!
porque não entras? não pediste que te reservasse um lugar?
então porque nao estás ca dentro ainda?
o espaço continua aqui...vazio, por preencher...destinei-o a ti. tu pediste!
e agora não entras? porquê?
encontraste vaga num outro coração?
mas e o meu?
eu guardei-te o lugar...
quinta-feira, 10 de maio de 2007
a agua caia na banheira, e saia pela torneira, fugindo.
os dias tinham passado, as palavras tinham-se esgotado...e com elas os sonhos.
os segredos que tinham inventado, as conversas que nao poderiam ter sido ouvidas por mais ninguem... o segredo que nao era segredo, era mito.
alguem que nao sabia amar tinha-os levado...e às palavras, e ao sonho!
palavras que nao podiam amar. nao tinham chegado.
doiam essas palavras. doia a falta dessas palavras.
a agua continuava a correr. os segredos a desvanecer. escapavam-se por entre as paredes, por entre as fendas do coração. essas fendas tao vulgarmente abertas e tao dificilmente remendadas.
mudar de casa, mudar de objectivo... não mudou o segredo [passou].não fugiu o amor [ficou].
construir o livro, construir as palavras...ficou o mito.
desperdicio de palavras, desperdicio de sentimentos, desperdicio de segredo. desperdicio.
a agua ultrapassava já a banheira.as palavras, no chão, iam-se afogando.não podiam amar essas.não podiam. iam-se afogando. e o lápis que as escrevia.
e o segredo?devia afogar-se?
o corpo, na banheira, deixava cair a cabeça. devia afogar-se o segredo?
a água cobria lentamente cada pedaço do seu rosto. devia?
debaixo de água, o pedido sufocado de quem que não podia amar. não podia?
o pedido afogou, a alma afogou, o segredo afogou!
terça-feira, 1 de maio de 2007
Galgantes e transponentes.
Sabem [a] algo.
Conjecturam. E profetizam. Erram.
Não passam de sumptuosas bolas amarelas.
Desordenadas, desgrenhadas. Petulantes, extasiantes!
Sem vontade reconhecida. Contusões de vida esmorecida.
Durante quanto tempo [des]esperei? Espavorecida, demorada a mim mesma.
Agarrei-me a não sei bem o quê.
E desse não sei o quê dinamaram as minhas bolas amarelas.